Arquivo da categoria: Antropologia

Patrimônio, Identidade e Memória

O patrimônio cultural deve ser mantido em nome da identidade e memória de uma comunidade. Alguns patrimônios culturais brasileiros foram classificados como patrimônios da humanidade.

Diálogos | Tendências pedagógicas

Tendências pedagógicas são o tema do “Diálogos”. As teorias e as práticas pedagógicas estão em discussão dentro e fora da sala de aula. O “Diálogos” entra nesse tema com a participação do professor Vandeí Pinto da Silva, do Departamento de Didática da Unesp em Marília. O professor explica quais são as tendências pedagógicas de influência política e sua relação com o processo de ensino-aprendizagem. A formação para a vida e a formação omnilateral, proposta por Vandeí em seus estudos, também são abordadas de modo a articular a teoria e a prática pedagógicas.

Pierre Lévy e a Cibercultura

Confira aqui um papo com o Professor Krauss envolvendo os impactos causados pela internet sobre a vida em sociedade, na visão do renomado cientista social: Pierre Lévy!

Tópicos de antropologia médica. Considerações iniciais

Apresentação de aspectos gerais sobre as bases evolutivas das doenças humanas

Internet e Redes Sociais

Nesta videoaula de Sociologia, é apresentado um debate acerca das transformações geradas pela difusão da internet e o papel das redes sociais.

O que é identidade cultural?

Veja como a identidade cultural está associada à forma como as pessoas identificam-se perante um grupo social. Confira também como a globalização altera as identidades culturais.

A ordem social e as representações simbólicas

  • Primeiras letras de um jovem estudante da graduação (UFMG, 1993)

Rogério Cavalcanti

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Os indivíduos desfrutam de uma dependência mútua que é responsável pela união da coletividade. (Foto por Shinobu em Pexels.com)

A ordem social, de acordo com Durkheim (1977), pode ser explicada pela emergência de uma consciência coletiva, geradora de solidariedade, que é exterior aos indivíduos e que surge como produto da interação entre eles, ou seja, no processo de socialização. A ordem social é dada por meio de regras ou preceitos morais que adquirem exterioridade frente a cada indivíduo, agindo como fator de coação. Isso ocorre porque, na sociedade, os indivíduos desfrutam de uma dependência mútua que é responsável pela união da coletividade. Essa dependência resulta da divisão do trabalho social, gerando “solidariedade orgânica”, onde cada tarefa exercida por um indivíduo ou grupo tem que se realizar corretamente para que o todo possa funcionar direito. Para que isso ocorra, o indivíduo precisa ser “freado” pela moral que, em resumo, é a própria sociedade.

Seguindo nesta perspectiva, o sociólogo francês Marcel Mauss (1974), sobrinho de Durkheim, estabelece uma ligação direta, no homem, entre o físico, o psicológico e o social. Afirma que, em grande número de sociedades tradicionais, existe um temor da morte que é de origem social e que é capaz de originar danos tanto na consciência, quanto no corpo dos indivíduos, podendo até acarretar sua morte num curto prazo de tempo e sem nenhuma lesão aparente ou conhecida. O indivíduo, nesta ótica, torna-se mais vulnerável à morte na medida em que passa a temê-la de forma sistemática ou se, então, tenha fixado tal ideia em sua consciência, perturbando sua vida “normal” na sociedade.  Com efeito, pode-se dizer que a relação existente entre a organização social e as representações simbólicas, segundo Mauss, consiste no fato de que os indivíduos são compelidos pela sociedade, por meio de mecanismos de coerção, a acatarem qualquer decisão que seja tomada em seu interior como legítima ou verdadeira.

A estrutura simbólica erguida numa dada sociedade atua de forma a determinar que tipos de comportamento os indivíduos, membros dessa sociedade, devem ou não considerar como válidos ou eficazes para o desenvolvimento social. É a estrutura de símbolos que guia o comportamento social, pressionando os indivíduos a acatarem tal orientação. É como algo imposto “de fora” aos indivíduos que o significado simbólico ou os sentidos são percebidos nesta visão, na qual os indivíduos não têm muita escolha frente ao poder da sociedade sobre seus atos e pensamentos, sendo estes determinados por ela. As ideias (os símbolos) elaborados no seio da sociedade mantêm-se e reproduzem-se no indivíduo por meio de uma pressão permanente de seu grupo social específico. As estruturas simbólicas são responsáveis diretas pela construção e manutenção da ordem social, num determinado contexto, onde os indivíduos não teriam como “escapar” desta determinação que lhe é imposta.

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Os símbolos aparecem como orientadores da conduta humana (Foto por Pixabay em Pexels.com)

Ao contrário de Mauss (1974), Lévi-Strauss (1985) não aceita a determinação social do pensamento, sendo o mesmo, para este autor, fruto da própria natureza orgânica do homem, ou seja, algo inerente à condição humana. Para este autor, a organização social é permeada por estruturas simbólicas, mas os símbolos ou as representações simbólicas atuam de forma efetiva sobre o comportamento do indivíduo a partir do momento em que este acredita no símbolo e no que ele representa, tanto para o indivíduo quanto para seu grupo. Os símbolos também aparecem, nessa perspectiva, como orientadores da conduta humana, sendo que tal orientação não seria algo imposto, como na visão de Mauss, mas sim uma solução eficaz produzida pelos indivíduos para que possam resolver os seus conflitos no âmbito da sociedade. A relação entre a ordem social e as representações simbólicas seria uma relação de apoio mútuo, de troca, onde todos os elementos culturais estariam integrados e interagindo de forma harmônica para a efetivação do desenvolvimento social. As representações simbólicas reafirmam a ordem na sociedade que, por sua vez, mantêm intacta as instituições sociais por ela criada. Os símbolos conferem sentido à ordem social, sendo que esse mesmo sentido encontra-se abrigado no inconsciente humano, que não serve apenas como refúgio das particularidades individuais. O inconsciente individual é possuidor de uma função simbólica que se exerce segundo “leis universais” e que se reduz ao conjunto dessas mesmas leis, isto é, às mesmas estruturas e ao conjunto dessas estruturas.

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As representações simbólicas dependem dos valores individuais dos atores envolvidos na ação. (Foto por fotografierende em Pexels.com)

Clifford Geertz (1976), representante da antropologia interpretativa americana, afirma que uma dada cultura não pode simplesmente ser explicada ou reduzida a um nível estrutural e a conceitos abstratos, mas deve-se levar em conta o contexto onde uma determinada ação social acontece. Dessa forma, torna-se possível expressar o que uma determinada ação simbólica tem a dizer sobre ela mesma e, ao mesmo tempo, preservá-la. Ou seja, nesta perspectiva, a organização social origina-se e perpetua-se (ou transforma-se) a partir não apenas da estrutura de símbolos existentes na sociedade, mas também pelo valor agregado à ação pelos indivíduos, num determinado momento de suas vidas. Portanto, entender o papel da cultura na vida do homem significa não a busca por “leis universais” que regeriam o comportamento humano, mas a exposição de um possível significado que um ato tem para a própria cultura, no contexto social onde ele é realizado. Tem-se então, para Geertz (1976), uma explicação/interpretação mais realista e menos abstrata de um sistema cultural. Nessa lógica, a relação que se evidencia entre a ordem social e as representações simbólicas é que a primeira é apenas “virtual”, ou seja, o significado da ação não é de determinação estrutural, mas ocorre durante o momento da própria ação. Sendo a ordem social produzida no momento da ação, tem-se que as representações simbólicas não são fixas, imutáveis, mas sim flexíveis e dependentes dos valores individuais dos atores envolvidos na ação. Em suma, tanto a ordem social, quanto as representações simbólicas podem variar, de acordo com o contexto social específico em que se encontra determinado grupo social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

DURKHEIM, E. A divisão do Trabalho social. Lisboa: Presença; Brasília: Martins Fontes, v.2, 1977.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.

LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1985.

MAUSS, M. Sociologia e antropologia. São Paulo: EPU, 1974.

Processo de Socialização – Instituições Sociais

Este vídeo trata  das instituições sociais, sua definição e seu importante papel no processo de socialização.